sexta-feira, 7 de março de 2008

Fidel renunciou. E agora?


Na madrugada da última terça-feira, 19, o líder máximo da única nação socialista das Américas, renunciou. Fidel Castro, há 49 anos dono do poder absoluto em Cuba – conseguido por meio da Revolução efetivada durante o ano de 1958, que culminou com a saída do país do então presidente Fulgencio Batista, apoiado pelo Estados Unidos, em 1º de janeiro do ano seguinte - diz-se com a saúde debilitada - motivo pelo qual se afastou do governo desde junho de 2003.

Não se pode negar, que mesmo sob um regime autoritário e ditatorial, os indicadores sociais de Cuba nas décadas de 70 e 80 mostram um país com educação e saúde de qualidade. Mas também, não podemos nos esquecer que o país vive muito longe da democracia, tem milhares de pessoas abaixo da linha de pobreza e que a sua liberdade se restringe a obedecer aos desígnios do Comandante da ilha.

Famoso por seus discursos intermináveis e seu uniforme militar, Fidel é um mito. Mito mesmo dentro do país, que atualmente tem aproximadamente 2 milhões de pessoas que, para fugir dos mandos e desmandos do castrismo, se refugiaram no seu maior inimigo, os Estados Unidos, e continuam lá, embora ilegalmente.

Durante a realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007, alguns atletas cubanos chegaram a pedir asilo político ao Brasil, mas acabaram sendo deportados. Em um caso ainda mais recente, músicos cubanos tiveram a mesma sorte ao tentar se refugiar no Recife.

Este homem-mito ao mesmo tempo odiado, amado e temido renuncia. A partir disso começam as especulações: “Cuba vai se abrir para o capitalismo?” “Vai se tornar uma democracia?”. Essas perguntas chegam a ser utópicas, pois por mais que se acredite na mudança, Raúl Castro Ruiz, presidente desde o início da doença do irmão Fidel, deve continuar no poder.

Mudaram os nomes, não a estrutura. É complicado para um país que durante tanto tempo teve as suas ações controladas, libertar-se das amarras e transformar-se num paraíso de democracia num passe de mágica. Pelo menos enquanto Fidel Castro viver – e ele ainda vive – vai permanecer a imagem de mito, que continua controlando o país mesmo à distância. A mudança em Cuba vai ocorrer sim, mas não de forma abrupta. Primeiro os cubanos vão ter de se acostumar a viver sem Fidel.

Nenhum comentário: