quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Pra descontrair...


Vejam como seria a notícia da famosa história infantil "Chapeuzinho Vermelho" nos meios de comunicação do Brasil:

JORNAL NACIONAL

(William Bonner): Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem...
(Fátima Bernardes): ... mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia.

FANTÁSTICO (Glória Maria): Que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo. Não é mesmo,querida?

CIDADE ALERTA (Datena) Onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? A menina ia para a casa da avozinha a pé! Não tem transporte público! E foi devorada viva! Põe na tela! Tem um "link"para a floresta, diretor?

REVISTA CLÁUDIA: Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.

REVISTA NOVA: Dez maneiras de levar um lobo à loucura.

REVISTA MARIE-CLAIRE: Na cama com o lobo.

JORNAL O ESTADO DE S. PAULO: Fontes confirmam que Lobo que devorou Chapeuzinho seria filiado ao PT.

REVISTA VEJA: EXCLUSIVO! Ações do Lobo eram patrocinadas pelo governo Lula e o PT.

PÁGINAS AMARELAS DA VEJA: "Está claro que houve tentativa de quebra de sigilo bancário da Chapeuzinho por parte da Dilma e do Tarso Genro. Eles têm que cair." (Artur Virgilio)

JORNAL ESTADO DE MINAS: Chapeuzinho come o lobo enquanto o lenhador vai pra floresta com a vovó.

JORNAL AGORA: Sangue e tragédia na casa da vovó!

REVISTA CARAS: Chapeuzinho fala a CARAS:"Até ser devorada, eu não dava valor para muitas qualidades das outras pessoas".

REVISTA PLAYBOY: "Veja o que só lobo viu!"

REVISTA ISTOÉ: Gravações revelam que lobo foi assessor de influente político de Brasília.

REVISTA G MAGAZINE: Lenhador mata o lobo e mostra o pau!

JORNAL DO PT: Lula não sabe de nada!

CARTA CAPITAL: Nós vamos apurar se era uma menina, se foi mesmo devorada por um lobo e se foi na noite de ontem.
Chapeuzinho Vermelho na Cláudia: como chegar na casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho

Chapeuzinho Vermelho na Nova: dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama.

Chapeuzinho Vermelho na Marie Claire: “Na cama com um lobo e minha avó”, relato de quem passou por essa experiência.

Chapeuzinho Vermelho na Veja: “… fulano de tal, 23, o lenhador que retirou Chapeuzinho Vermelho da barriga do lobo tem sido considerado um herói na região. ‘O lobo estava dormindo, acho que não foi tão perigoso assim’, admite.”

Chapeuzinho Vermelho no Jornal do Brasil: “Floresta: Chapeuzinho Vermelho é atacada por lobo”. Na matéria, a gente não fica sabendo onde, nem quando, nem mais detalhes.

Chapeuzinho Vermelho no jornal O Globo: “Chapeuzinho Vermelho é Retirada Viva da Barriga de um Lobo”. Na matéria, terá até mapa da região. O salvamento é mais importante que o ataque.

Chapeuzinho Vermelho na folha de São Paulo: Legenda da foto: “Chapeuzinho Vermelho, à direita, aperta a mão de seu salvador”. Na matéria, teremos um box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos.

Chapeuzinho Vermelho na Sexy: um ensaio fotográfico com Chapeuzinho Vermelho. “Essa garota matou um lobo!”

Chapeuzinho Vermelho na Caras: (ensaio fotográfico idem) “Na banheira de hidromassagem na cabana da avozinha, em Campos de Jordão, Chapeuzinho Vermelho reflete sobre os acontecimentos:
‘até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida, hoje sou outra pessoa´ admitiu Chapeuzinho Vermelho.

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Bom, esse post é só pra atualizar o blog, porque esses dias estão corridos e não tá dando tempo de escrever como eu queria, então esse é um texto da internet Mas mesmo com o humor, esse post também é uma reflexão sobre o jornalismo que queremos um dia defender. Então, pra mim, é um divertimento válido...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

"O Brasil é o país do futuro..." E salve a diferença!

Minha mãe tem a mania de dizer que “não adianta falar do lugar dos outros, temos de falar antes do nosso lugar, do nosso ‘mundinho’. Pra isso, hoje vou contar três histórias.

24 de agosto de 2007. Uma sexta-feira lá pelas 18:30h. Eu estava indo para a faculdade, como sempre, com minha mãe, e na cadeira de rodas. A gente sempre faz o mesmo caminho quando vai á pé. Ali perto do hospital universitário, tem uma cancela que muitos estudantes usam para encurtar o caminho. Comigo não era diferente. Mas, naquele dia, fomos impedidas de continuar. Havia correntes na cancela, o que, além de impedir a passagem de motos – o que era pretendido – também impedia a minha passagem com a cadeira de rodas. Desde esse dia, começou uma briga enorme pela desobstrução da passarela que dura até hoje. Sem solução, ainda. Mas, antes de terminar essa história, vamos ao dia 09 de novembro. Outra sexta-feira. Nós estávamos em Semana de Jornalismo, e um dos palestrantes – Jairo Marques, chefe de reportagem da Agência Folha - utiliza cadeira de rodas. O anfiteatro do CCHS (onde eu estudei boa parte do 1º semestre de aulas) não tinha rampas. Graças a ele, construíram uma, de forma muito rápida mesmo, para usar uma expressão corrente “da noite para o dia”. Naquele mesmo dia, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis entrou em contato comigo, e na segunda-feira, 12. em reunião com um professor de Arquitetura ficou acertado o desenvolvimento de um projeto para a liberação da passarela, que estaria pronto para o reinicio das aulas. As aulas começaram, e as correntes continuam lá. Mais um detalhe: para que eu pudesse continuar a usar a passarela, me cederam as chaves. Mas eu penso: e os outros que precisarem? E os outros com dificuldade? Como pode uma instituição educacional impedir o direito de ir e vir de várias pessoas? Já disse e repito: se houvesse educação, bastavam guardas de trânsito para impedir as motos.
Até agora nada.


4 de janeiro de 2008. São Paulo. Terminal Rodoviário da Barra Funda. Estava viajando em férias, e por problemas de espaço não pude levar minha cadeira de rodas. Para me locomover emprestei uma que precisava ser devolvida até às 6 da tarde. Devolvemos a cadeira e fomos pra rodoviária, porque pensamos: “Qualquer farmácia tem. Lá deve ter”. Ledo engano. Nosso ônibus era às 22:45 e até esse horário não conseguimos que o terminal disponibilizasse a cadeira para eu andar durante as quase cinco horas que teria de ficar ali. Não puderam disponibilizar porque só tinham UMA cadeira de rodas – num terminal que recebe milhões de pessoas por dia – e essa cadeira era APENAS utilizada em casos de emergência. Eu, aparentemente, não era um desses casos. O gerente de uma lan house viu o que estavam fazendo com a gente e me emprestou uma cadeira de computador com rodinhas. Mais tarde, ao embarcar, perguntei ao encarregado se alguém havia precisado da cadeira durante o tempo em que eu estive ali. Ele não respondeu. Seu silêncio foi a minha resposta.


14 de fevereiro de 2008. Campo Grande, Hospital Universitário. Sempre quis doar sangue. Um dia eu precisei, queria retribuir. Passei um ano morando muito perto do HU e falando todos os dias que ia doar, sem nunca ir. Quando falaram do trote solidário dos calouros eu, mesmo sem ser caloura, tomei a iniciativa de ir. Fomos eu e meu irmão. Como é aqui perto, quis ir de muletas. Não me parece ter sido a decisão mais acertada.
Primeiro, não acreditavam que eu tivesse 19 anos e me chamaram de “fraquinha”. Tenho 3 quilos a mais do que o exigido para doar, não tomo nenhum tipo de remédios, não tomei vacinas nos últimos tempos, nem tenho doenças contagiosas. Fiz a triagem necessária, e também não tenho anemia. Mas parece que eles não queriam que eu doasse sangue. Perguntaram: “O que você tem?” E eu respondi naturalmente: “Paralisia cerebral”. Porque sei que isso não é motivo para negarem a minha ajuda. Daí eles falaram assim: “Você teve parada cardíaca?” “Não, nunca tive”. “Ah, mas se você doar, pode ter uma convulsão”. Daí eu falei “acredito que não. Nunca tive nada parecido”. “Olha, você não precisa doar”. “Mas eu quero doar, eu POSSO doar”. E a responsável dizendo: “Você vai me entender, mais tarde você vai entender”. A essa hora a minha indignação beirava o limite da raiva e das lágrimas, porque eu tinha planejado aquele dia um tempão: “Entender o quê? Que vocês não têm sangue porque negam a doação de pessoas saudáveis como eu? Eu já entendi, obrigada.”


Com esse último baque, entendi mais que isso. Entendi que mesmo os que a gente supõe que sabem e conhecem doenças podem ser ignorantes – os médicos. Eles mesmos que estudaram no minímo 6 anos de suas vidas sobre o assunto. Eles em que depositamos boa parte da nossa confiança. Após tudo isso eu só tenho uma pergunta:

Será que o Brasil é mesmo o país da diferença?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Uma crônica, pra começo de conversa

Reformate seu HD

Tentei várias vezes começar essa crônica. Tentei e cheguei mesmo a escrever. Mas ficou como um conto. Então, aqui estou eu de novo. Pra escrever do único fato que me ocorre, que seja realmente cotidiano em minha vida. Ou seja, algo que se repete e se tornou tão corriqueiro em minha vida, que já nem o percebo mais.

Bem, o fato em si, é que há horas, como já disse, venho tentando escrever essa crônica. E sempre sou interrompida. Por quê? Porque mesmo tentando utilizar o computador, apenas para digitar uma crônica, há milhares de ruídos, janelas abertas, conversas inacabadas, tudo isso num mundo que não é meu, talvez numa realidade inventada de Orkut ou MSN em que “amigos” das mais variadas localidades do mundo pedem a minha atenção.

Imagino que para mim, que já não sei viver sem essas tecnologias, ficar o tempo que utilizo para escrever essa crônica, sem ao mesmo tempo, me inteirar de tudo o que acontece no mundo através de um clique, seja quase impossível.

Alguns chamam isso de “aldeia global”. Outros, de vício. Eu penso: se for vício, quantas pessoas não passam por essa mesma situação?

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Pensemos em uma internauta viciada. Vamos chamá-la de Deborah. A primeira coisa que Deborah faz pela manhã, após escovar os dentes, é ligar seu microcomputador (se é que ele não permanecera ligado enquanto ela dormia), e verificar os amigos online do Messenger, ou os recados novos de seu Orkut. Depois de tomar café, Deborah vai até o ponto de ônibus escutando os últimos hits em seu mp4, ou mesmo vendo vídeos recém baixados. Quando aparece em sua frente uma pessoa que surgiu do nada. Pra falar a verdade já estava ali há maior tempão. É que Deborah tem sua visão cada vez mais prejudicada pela tela do computador.

- Fala aí, Dé!

- Oi... Danilo!!!

- Tá sabendo que a Godiva faliu, né??

Neste momento Deborah entra em conflito. O que é Godiva? Ela já sabia o que fazer!!! Procurar na Wikipédia!! Ou no Google!! Mas, ela estava sem internet ali!! Deborah começou a tentar achar dentro do seu banco de dados a resposta, mas, nada veio à mente...Será que estava nos arquivos deletados dela? Aquela situação estava saindo do controle....Isso não podia acontecer! Deborah só tinha mais alguns segundos antes de dar a resposta. Se ela não tinha mais o controle, tinha que arrumar um joystick, sim, porque ela deveria ter mais de 5 vidas naquele RPG. Mas, aquilo não era um RPG, era a vida real...Deborah não sabia o que fazer..

Até que surgiu o alívio...

Uma garota que Deborah reconhecia sabe-se lá de onde apareceu, cumprimentou Danilo e disse "Oi, Debyzinha, quanto tempo"

Mas, e agora???

Quem seria essa garota?

Olhos escuros, de altura mediana, cabelos escuros...Quem é, Deborah?? Quem??Esta pergunta estava presente no processador de Deborah...Ela viu toda a sua lista de amigos do messenger, do Orkut...Mas, não lembrava...Ela não reconhecia...Seria mais um de seus mil contatos???

Deborah estava no auge de seu processador...A máquina já estava esquentando...Godiva, Orkut, garota, Messenger, Google, sites de novela, informações...

- Bem, Deh....Nosso ponto é o próximo...Depois conversamos mais, vamos, Ju??

- Tchau, Debby!! Depois conversamos mais no Messenger...

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Oi... Sou Aline, estudante de Jornalismo da UFMS. Sempre quis manter um blog, mas isso nunca se concretizou de verdade. Vamos ver se agora, vai=)
Esta foi uma crõnica feita por mim, no ano passado e eu gostei bastante, porque mais ou menos acabei contando uma faceta da minha própria vida. Há um pouco de mim em Deborah, a personagem. E foi uma crônica escrita de uma vez, depois de já ter tentado escrever sobre vários temas mais sérios. Espero que leiam e gostem.